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" Os vazios e as partes que nos faltam”

Por Caroene Santos Murray, Psicóloga


Gostaria de dividir com vcs um texto que se encaixa muito nesse momento pandêmico e de reconstrução a qual nos encontramos.


É um texto baseado no conteúdo de um livro infantil mas toca os adultos brilhantemente a medida que fala sobre faltas, pressões, incompletude e dificuldades em pausar nos momentos precisos ...


O livro infantil “A parte que falta” ou o original “The missing piece” viralizou quando a Jornalista e Vlogueira brasileira Jout Jout em um de seus vídeos no Youtube (link aqui embaixo 😉) conta a história de um Ser Circular que que nao esta completo e percorre o mundo em busca da parte que lhe falta, ele acredita que so sera feliz quando estiver completo.


Apesar do livro ter o formato que parece ser para o publico infantil ele traz uma mensagem que causa sintonima no publico adulto, ja que esse compreende a profundidade do que esta lendo.


O livro é brilhante ao falar de nossa eterna insatisfação em preencher os vazios de toda maneira, e não nos permitir de viver com nossas limitações, vazios e faltas. A incompletude é o que move o ser humano a buscar algo, o que nos motiva não é a felicidade final e sim a sua busca, essa aspiração diária.


Estamos sempre em busca de algo e isso faz a vida ser interessante. Espaços/faltas são gerados de tempos em tempos para que possamos preenchê-los e para que com o tempo novas faltas surjao e possamos preeche-las, a vida vai se equilibrando na falta e na completude.


Vivemos um momento em que há o estímulo para que nada falte. Vivemos um tempo em que “temos” que produzir o tempo inteiro, ter namorado(a), casar, filhos(as), ter mestrado, doutorado, fazer intercâmbio, ter uma boa casa, carro, se ocupar, viajar, se medicar quando estamos tristes e ser feliz. Feliz o tempo todo, ter uma vida inabalável e de descartabilidade daquilo tudo o que não nos vai bem. Como se a felicidade estivesse nos diversos objetos do mundo, para além de nós mesmos e pudesse ser vivenciada a todo instante.


E nesse turbilhão onde não há tempo para apreciar as pequenas [e grandes!] coisas da vida, não há ócio, não há o debruçar-se em nossos sentimentos mais íntimos, olhar para as escolhas que fazemos na vida e até mesmo para quem somos, ficamos sem tempo para o nosso ‘EU’. O personagem principal em sua momentânea completude, vê a vida passando muito rápido.... sem ter como sentir o aroma de uma flor, sem contato com a borboleta que ele gostava tanto e não podia sequer cantar, abrindo mão desse estado para voltar a ser faltante.

Ah… e como a falta muda as coisas, não!? Você já parou para pensar nisso?


Será que não estamos vivendo compulsoriamente e com a ilusão de completude? Não estamos rolando rápido demais sobre as coisas da vida? Não estamos nos concentrando em instâncias atemporais que não podemos controlar como passado e o futuro e deixando de viver o presente com suas faltas e buscas?

Os ‘objetos sociais’ nos estimulam o afastamento da nossa verdade individual e, quando surge um vídeo como esse, somos obrigados a olhar para dentro. Olhar a nossa falta, aquela a qual não há parte que complete.


Faltas e pausas são tão importantes como as completudes e as resoluções de qualquer situação. Tudo é um ciclo.


A vida requer intervalos, nenhuma árvore dá fruto o ano todo, nenhuma planta floresce em todas as estações. De-se tempo, faça pausas, se permita ter faltas. ❤


Deixo aqui o link para que possam assistir o video da Jout Jout (vale muito a pena) e permita-se chorar também.



 

Bio: Caroene Santos Murray


Psicóloga Clínica - adulto e infantil e Psicóloga Perinatal e atua em sua clinica Tree of Life em Dublin.

Encontrou seu lugar de pertencimento no auxílio ao outro.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

É formada em Psicologia pela UEL- Universidade Estadual de Londrina-Brasil e possui especialização em desenvolvimento/demandas infantis, ludoterapia e em Clínica Psicanalítica.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Caroene mudou-se para a Irlanda em 2010, e completou Mestrado em Estudos Psicanalíticos pela Universidade Trinity College Dublin- Irlanda.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Por seu trabalho ter uma demanda mista no exterior acabou também se especializando na área da Psicologia Perinatal e do Puerpério, área que atua e tem um cantinho especial em seus estudos e aperfeiçoamentos profissionais no momento, além de questões do expatriado.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

O trabalho de Caroene na Irlanda visa acolher com carinho as demandas individuais e coletivas de crianças, adolescentes, adultos, casais, famílias, pais e mulheres no pré, durante e pós maternidade (perinatalidade e puérperio).⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Oferece também consultoria parental para lidar com questões da primeira infância e da parentalidade e Pré-natal psicológico.

https://www.tolclinic.com/

instagram.com/treeoflifeclinic_/

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