Por Aline Bridi, Psicóloga
A chegada de dias mais curtos, cinzentos e frios anunciam a chegada das estações mais frias e escuras do ano: o outono e o inverno. Até aí tudo bem, porém para algumas pessoas este período pode vir acompanhado de importante sofrimento emocional.
Vamos entender o que é o Transtorno afetivo sazonal, também conhecido como Depressão sazonal, depressão de inverno ou Winter blue.
Muitos estudos correlacionam a baixa exposição de luz solar com a diminuição na produção de serotonina - um neurotransmissor do cérebro, que afeta a regulação do humor fazendo com que se apresente uma tendência para a tristeza e depressão. A luminosidade natural, também afeta a produção da melatonina, um hormônio relacionado ao sono. A diminuição deste hormônio pode apresentar uma tendência para fadiga e falta de energia, ou seja, sono, muito sono e muito cansaço.
A partir deste ponto podemos entender o impacto da baixa exposição à luz solar no nosso emocional.
O Transtorno afetivo sazonal (no inglês SAD - Seasonal Affective Disorder) é um subconjunto de transtornos de humor que acontece todos os anos, na mesma época, normalmente no inverno.
A depressão sazonal é observada com maior frequência nos países do hemisfério norte, com invernos mais frios e escuros, como exemplo aqui na Irlanda. E com menos frequência em países de clima tropical como o nosso Brasil. As mulheres apresentam este tipo de depressão com maior prevalência em relação aos homens. Geralmente os primeiros episódios aparecem com idades entre 20 e 40 anos, além disso é comum outros familiares apresentarem o mesmo quadro tendo aí uma predisposição genética.
FIQUE ATENTO!
Pessoas com SAD experimentarão alguns ou todos os seguintes SINTOMAS começando no outono, intensificando no inverno e diminuindo na primavera:
Tristeza
Ansiedade
Desesperança
Falta de energia
Fadiga extrema
Diminuição das atividades do indivíduo
Letargia
Hipersonia
Cansaço
Hiperfagia - aumento do apetite especialmente o desejo por carboidratos
Ganho de peso rapido
Perda de interesse sexual
Retraimento social - afastamento de amigos e familiares/vontade de ficar sozinho
Dificuldade de concentração e realização de tarefas
Mau humor
Irritabilidade
Síndrome pré-menstrual (piora ou ocorrência apenas no inverno)
O TRATAMENTO vai depender da gravidade dos sintomas.
Considere as orientações abaixo como um estilo de vida a seguir na prevenção e tratamento para sintomas leves:
Passe algum tempo fora de casa, sob luz natural, todos os dias, mesmo quando está nublado. Ainda assim os efeitos da luz do dia ajudam.
Em algum momento do dia abra as janelas de casa para permitir que entre o máximo de luz natural.
Acorde mais cedo e levante-se de imediato para que possa usufruir de mais tempo de luz natural e ganhe mais energia.
Exponha-se a luzes fortes em ambientes fechados.
No trabalho, se possível, sente-se próximo às janelas.
Socialize-se. Mantenha-se envolvido com seu círculo social e atividades regulares. O apoio social é muito importante.
Gerencie o estresse na sua vida
Fazer exercícios regularmente
Faça uma caminhada de 10 a 20 minutos pela manhã. Ajuda a aumentar a temperatura corporal e começar o dia em boa forma.
Tenha uma alimentação saudável. Isso ajudará você a ter mais energia.
Quando possível faça férias de inverno em países com mais sol.
O TRATAMENTO para quadros onde há sofrimento e disfunção significativa em sua vida inicia com o diagnóstico de um profissional. Por isso o primeiro passo é marcar uma consulta com um psicólogo ou médico. A partir da avaliação destes será definido a estratégia de tratamento. As possibilidades são: mudanças no estilo de vida tais como as recomendações para o tratamento de quadros mais leves, psicoterapia regular e em alguns casos o uso de medicamentos antidepressivos e fototerapia. Este último é basicamente a exposição do paciente a luz artificial semelhante a luz solar.
Siga as recomendações, mantenha um estilo de vida saudável e aproveite melhor seu inverno.
Bio : Aline Bridi, Graduada em Psicologia em 2006, com MBA em Gestao do desenvolvimento humano e organizacional, formação em Coach e 3 anos de estudos em psicoterapia psicanalítica. Atuou no Brasil no área de desenvolvimento e treinamento de profissionais da saúde em hospitais do RS e como psicóloga clínica em consultório privado. Mudou-se para a Irlanda durante a licença maternidade em 2014 e, desde então tem atuado como psicoterapeuta, membro da Psychological Society of Ireland (PSI) em consultório privado e online atendendo brasileiros expatriados.
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